Destaques da cena musical de MS, cantoras mesclaram rap, R&B, pop e sons fronteiriços em noite vibrante no Porto Geral

O Palco das Américas, no Porto Geral, foi tomado por uma fusão sonora e cultural nesta noite de sexta-feira (16) no Festival América do Sul, com o show protagonizado por duas artistas que representam a diversidade e a força da música feita por mulheres negras no Mato Grosso do Sul: SoulRa e Karla Coronel. 

Esta foi a primeira vez em que as cantoras se apresentaram juntas, mesclando seus repertórios, estilos e trajetórias em um show especialmente pensado para o festival.

Unindo o rap e o pop contemporâneo com influências regionais e latinas, as cantoras construíram uma apresentação coesa, afetiva e politicamente potente. Em comum, além do talento, a raiz fronteiriça e o compromisso com a representatividade. 

“Quando propuseram essa junção, a gente pensou: vai casar esse show. Somos duas mulheres negras fazendo música pop a partir de vivências muito conectadas com a fronteira, com o nosso estado, com o Brasil e a América Latina”, explicou SoulRa, nome artístico da rapper e compositora Raíssa Souza Carvalho, nascida em Dourados.

Conhecida por mesclar rap, trap, R&B e ritmos como o chamamé e o amapiano, SoulRa adaptou parte de seu repertório eletrônico para se apresentar com banda ao lado de Karla.

Já Karla Coronel nasceu em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e foi registrada em Bela Vista, cidade vizinha separada apenas por uma ponte.

Criada em Campo Grande, a cantora trouxe seu timbre rouco e marcante para uma seleção de músicas autorais como “Única Defesa” e “Modo Avião”, além de interpretar faixas latinas como “Ya se ha muerto mi abuelo” e “Solita”, reforçando sua identidade multicultural.

“Como uma boa paraguaia, trouxe também esse lado da cumbia, da latinidade que o festival propõe. A gente pensou muito nisso quando escolhemos as músicas”, disse Karla.

O setlist contou com 13 músicas e foi pensado em conjunto, privilegiando temas como empoderamento, afeto e pertencimento. SoulRa apresentou faixas de seu primeiro álbum, Do Interior, como “A Flor da Pele”, “Yerba Mate” e “A Mina do Som”, enquanto Karla destacou composições que vêm construindo sua trajetória nos palcos e nas plataformas digitais.

Juntas, ainda fizeram releituras marcantes de “Estar na Minha/Doowop”, unindo Negra Li e Lauryn Hill em uma celebração ao hip hop feito por mulheres.

O público respondeu com entusiasmo. “Show maravilhoso, muito cultural. Não conhecia as meninas, vou já seguir nas redes sociais. Amei o trabalho”, comentou Amanda Misael, professora que assistia ao show com a filha e o marido.

Sofia Urt Frigo, psicóloga que veio de visita a Corumbá, também elogiou. “Já conhecia as duas de Campo Grande. O festival está incrível e esse show foi um dos pontos altos até agora.”

SoulRa e Karla Coronel agitaram o Palco das Américas com presença, potência vocal e uma estética musical que une o urbano ao tradicional. A noite foi de celebração e provocação; um convite à reflexão sobre identidade, fronteiras e pertencimento, no melhor espírito do Festival América do Sul.

O Festival América do Sul acontece até o dia 18 de maio, com uma vasta programação cultural. Confira as atrações aqui: https://mscultural.ms.gov.br/festival/festival-america-do-sul/

Daniel Rockenbach, Ascom FAS 2025
Fotos: Leandro Benites/Ascom FAS 2025