Iniciativa AfroIF visa troca de saberes e fortalecimento das políticas de educação étnico-racial entre Brasil e Moçambique

A partir de dia 23 de maio, os servidores Adelino Oliveira, Cristiane Santana, Huyrá Estevão e Tatiane Salles estarão nas cidades de Maputo e Chimoio, em Moçambique, para o início da ação AfroIF: Articulando Saberes entre Neabi/IFSP e o referido país. A iniciativa faz parte de um histórico de ações desenvolvidas pelo núcleo desde 2015, ano de sua criação, e representa um importante avanço no estudo das relações étnico-raciais e decolonialidade na instituição. Tatiane Salles ressalta que “A ida de pesquisadores do núcleo para Moçambique possibilita essa interlocução com o continente africano, sob a perspectiva de preencher lacunas da história da ancestralidade dos negros em diáspora africana. A troca de saberes e vivências que este trará irá contribuir para atendimento da tríade pesquisa, ensino e extensão fundantes para as políticas institucionais e a missão do IFSP”.

Durante cinco dias, serão executadas agendas com o Reitor da Universidade Pedagógica de Maputo e a Reitora Universidade de Púngeé para a construção da ida de mais de dez pesquisadores e pesquisadoras no segundo semestre de 2024. O objetivo é estruturar uma imersão formativa que subsidie, no retorno, o desenvolvimento de projetos de pesquisa, ensino e extensão articulados com as realidades dos territórios moçambicanos.

A ação é pioneira na Rede Federal e está em acordo com o eixo 7 da Política Nacional de Educação para as Relações Etnico-Raciais e Educação Quilombola, a PEENERQ, instituída em 14 de maio de 2024 pela SECADI/MEC. Tal eixo versa sobre a difusão de saberes acerca da cultura africana, afro-brasileira e quilombola.

A execução do projeto é viabilizada por uma emenda parlamentar da deputada federal Luiza Erundina, em articulação com os membros do Neabi. “A força e também a beleza desse singular projeto consiste em possibilitar, aos pesquisadores do Neabi-IFSP, a experiência única, fundamental e qualificada de conhecer, in loco, o território africano, compartilhando do cotidiano da população moçambicana, nas cidades de Maputo e Chimoio”, ressalta o professor Adelino Oliveira. “Retornar ao solo sagrado de mãe África, após tantos anos de diáspora, qualifica e aprofunda as concepções e análises sobre ancestralidade, culturas africanas e educação antirracista. Nossa gratidão ao mandato da deputada federal Luiza Erundina, que tem apoiado a construção e implementação do Projeto Afro-IF Articulando Saberes”.

O reitor Silmário Batista dos Santos destaca o compromisso da deputada Luiza Erundina com a educação socialmente referenciada, todos os anos destinando recursos ao IFSP. Ao tomar conhecimento da possibilidade da emenda, as pró-reitorias foram mobilizadas, especialmente a Assessoria de Relações Internacionais e a Pró-Reitoria de Administração, para que conseguissem, num tempo bastante curto, providenciar a documentação necessária e operacionalização da viagem, ocorrendo essa primeira etapa de prospecção antes mesmo da chegada do financeiro da emenda. “Trata-se de uma ação importante para a formação de nossos servidores, para estabelecer parcerias com instituições do continente africano, que trará frutos ao IFSP na construção de uma educação antirracista e na valorização de saberes tradicionais”, afirma o gestor.

A proposta tem contado com o apoio do Ministério da Igualdade Racial (MIR), e atualmente a coordenação do Neabi/IFSP e MIR estão construindo estratégias para potencializar a ação a partir do Programa Interministerial Caminhos Amefricanos, entre outras práticas exitosas do núcleo como o Acolhimento Neabi e a produção de materiais.

Cristiane Santana, integrante da coordenação atual do Neabi, afirma: “A iniciativa cumpre um duplo propósito: permitir aos pesquisadores envolvidos um diálogo com as estratégias que têm sido construídas em Moçambique, no que se refere à articulação entre a universidade e os saberes e conhecimentos produzidos fora dela, assim como uma ampliação do repertório sobre o continente africano que, certamente, contribuirá para a construção de propostas curriculares voltadas à valorização da história e cultura africana e afro-brasileira, como preconizado pela Lei 10.639/03”.

De acordo com Huyrá Estevão, ao retornar dessa imersão a equipe de pesquisadores do Neabi reforçará a construção de um repertório ímpar de conhecimentos para a consolidação de um currículo decolonial e antirracista. Tais pesquisadores atuarão como formadores e multiplicadores do tema no âmbito do IFSP e da Rede Federal a partir de projetos, pesquisas e eventos que se desdobraram dessa experiência.