Agência Minas Gerais | Papel reciclado vira sacolas pelas mãos de um grupo de mulheres que cumpre pena em unidade prisional de Juiz de Fora
Em um galpão de 45 metros quadrados instalado dentro da Penitenciária José Edson Cavalieri, em Juiz de Fora, na Zona da Mata, seis presas podem ser vistas trabalhando diariamente na confecção de sacolas. São mulheres em cumprimento de pena que optaram por ocupar seu tempo cortando papel, dobrando e fixando alças para produzir aproximadamente 300 sacolas de papel por dia.
As atividades começaram em outubro do ano passado, com o treinamento das presas, que foram capacitadas para a cumprir todas as etapas da confecção das peças. A iniciativa faz parte do projeto “EmbalandO Bem rumo à liberdade”, que tem a empresa Paraibuna Embalagens como parceira.
O incentivo à contratação da mão de obra de presos tem sido constante por parte do Governo de Minas, que tem buscado nas parcerias uma forma para capacitar profissionalmente os presos, oferecendo a eles a chance de resgatar a autoestima, reduzir a pena e de conseguir um lugar no mercado de trabalho, evitando a reincidência no envolvimento com o crime.
Nova visão
Para produzir as sacolas, além do corte, da dobradura do papel e da colagem, as presas precisam também fazer a aplicação de silk, uma técnica de estamparia, para dar o acabamento nas peças. O papel utilizado vem das sobras do processo produtivo de uma empresa sediada no município.
De acordo com o diretor da penitenciária, Thiago de Castro Costa, a iniciativa busca transformar a forma como as presas são vistas pela sociedade e, principalmente, como elas próprias se veem.
O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Rogério Greco, destaca que Minas vem atingindo resultados muito positivos com a contratação da mão de obra carcerária pelas empresas.
“O preso deixa de ficar ocioso e pode reconstruir a sua própria história. A empresa contratante reduz em até 60% a despesa com empregados, se comparado com o custo de funcionários celetistas. E a sociedade ganha, por contar com um sistema carcerário que de fato ressocializa seus presos”, enumera.
As seis presas recebem ¾ do salário mínimo e têm direito de reduzir um dia na pena, a cada três dias de trabalho, como determina a lei. Elas já tinham trabalho como costureiras na fábrica de lençóis existente na unidade.
A superintendente da Paraibuna Embalagens, Rachel Marques, comemora por ter a chance de promover impacto social para um público vulnerável. Ela classifica a experiência como única e transformadora para todos os envolvidos.
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