O projeto Som da Concha deste domingo (22) foi marcado por muita MPB (Música Popular Brasileira) e apresentações de músicas autorais de Kalélo e Giane Torres. O público compareceu em peso ao Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, e foi surpreendido pela diversidade do repertório dos artistas sul-mato-grossenses.

Criado em 2008 pelo Governo de Mato Grosso do Sul, por intermédio da FCMS (Fundação de Cultura), ligada à Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), o projeto Som da Concha busca valorizar e difundir a produção musical sul-mato-grossense, oferecendo shows gratuitos aos domingos. Em 2024, pela primeira vez, o projeto também vai levar apresentações a cidades do interior do Estado.

Kalélo trouxe uma fusão de ritmos, misturando a música popular brasileira com influências internacionais, como hip hop, afrobeat, samba, rock, maracatu e salsa. Suas letras abordam temas que atravessam sua geração, como identidade, dependências, relacionamentos, religiosidade e questões da periferia. Já Giane Torres, cantora e compositora de Dourados, apresentou uma mescla de faixas de seus dois álbuns autorais, além de versões de grandes compositores da MPB.

Após a apresentação na Concha Acústica Helena Meirelles, Kalélo refletiu sobre o significado de tocar no Som da Concha. “Esse é um espaço que eu frequento desde a época em que eu era apenas parte do público. Eu vinha para os eventos no Parque das Nações e consumia muita música por aqui. Com o tempo, comecei a tocar violão, fui para os bares, montei a banda Projeto Kzulo e acabamos aparecendo na Concha Helena Meirelles. Hoje, porém, estou com um trabalho solo e totalmente autoral. Para mim, a arte é como um prato à la carte, você entrega para o público se servir. De nada adianta ter um prato se não houver ninguém para consumir. A arte é para o mundo, não para mim”.

A importância do projeto Som da Concha para artistas do interior foi destacada por Giane Torres. Ela ressaltou que o evento é uma oportunidade única de divulgar trabalhos autorais e dar visibilidade a músicos de fora da Capital. “Já é a terceira ou quarta vez que participo e, para mim, é uma honra. O projeto oferece uma estrutura fantástica, o que é imprescindível para a qualidade do show. Isso torna o Som da Concha fundamental para a difusão da música em Mato Grosso do Sul”.

Para a cantora, fazer música autoral em Mato Grosso do Sul não é uma tarefa fácil, especialmente no estilo que mistura MPB com outras influências. “Acho que o segredo é encontrar o público certo, descobrir o seu nicho e investir nisso, especialmente hoje, com tantas possibilidades de divulgação nas mídias sociais”.

Entre o público, Danilo Rodrigues Silence, mecânico de aviões, de Blumenau (SC), aproveitou o fim de semana em Campo Grande para conhecer o Som da Concha. “Vim prestigiar os pontos turísticos e acabei conhecendo o projeto. Eu gosto muito de música, então foi uma ótima experiência”, disse ele, satisfeito com o evento.

Lucas de Oliveira Rabelo, músico e irmão de Kalélo, também estava presente para apoiar o show. “Acho o Som da Concha um projeto essencial. Viver de arte aqui na cidade é difícil, pois as oportunidades são poucas. Temos muitos artistas, mas a quantidade de projetos e vagas não atende nem metade da demanda”, pontuou.

Thales Brizola, músico e designer, conheceu o projeto no ano passado e desde então faz questão de prestigiar os shows. “O Som da Concha é fundamental, é o nosso contato com os artistas regionais. É muito bom vir ao parque, aproveitar o dia e ouvir música ao vivo. Já conhecia o Kalélo de outros projetos e sempre o admirei. Hoje, vim por causa dele e foi ótimo também conhecer o trabalho da Giane”.

Karina Lima, Comunicação Setesc
Fotos: Daniel Reino/Setesc